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Cerveja

Cerveja trapista: definição, história e mosteiros

A cerveja trapista é um dos principais motivos pelos quais muitos apreciadores da bebida visitam a Bélgica.

Com rótulos conhecidos e apreciados no mundo inteiro, o que definimos como cerveja trapista é um dos motivos pelos quais os fãs e apreciadores da bebida vem para a Bélgica. Mas você sabe porque elas são tão famosas? E quais são as cervejarias autorizadas a produzir cervejas trapistas?

Decidi fazer este post introdutório explicando o que é uma cerveja trapista, como surgiu e quem produz, antes de começar a postar sobre as visitas aos mosteiros. Ao todo são 6 mosteiros trapistas belgas e pretendo falar um pouco sobre todos os que podem ser visitados (além de um na Holanda!).

O que é uma cerveja trapista

A cerveja trapista é um tipo de cerveja produzida sob a supervisão de monges da Ordem Trapista, dentro de uma abadia beneditina. Dos 171 mosteiros trapistas existentes no mundo apenas onze são autorizados a marcar suas cervejas com o selo de autenticidade trapista, garantindo a origem monástica de sua produção.

E “Beneditino” refere-se a uma seção da Ordem dos Cistercienses da Estrita Observância que segue a Regra de São Bento. Para se juntar à ordem, eles fazem três votos – estabilidade, fidelidade à vida monástica e obediência. Ao contrário da crença popular, eles não fazem voto de silêncio, mas conversar é desencorajado. Assim, eles comem e bebem sua cerveja quase em silêncio.

Já o termo trapista vem da abadia de La Trappe, na Holanda, onde o movimento foi formado. Mas a cerveja é apenas um dos produtos que um mosteiro trapista produz. As abadias trapistas também são famosas por produzir queijo, pão, lã, roupas e até em um caso, caixões.

E para contar como uma verdadeira cerveja trapista e ter permissão para usar o logotipo Trappist em suas garrafas, a cerveja deve ser produzida dentro das paredes de uma abadia, por ou sob a supervisão de monges, e o lucro deve ir para a manutenção do monastério ou causas beneficentes na área local. Quem entra e sai deste clube exclusivo é decisão da Associação Internacional de Trapistas.

Relação entre mosteiros e a produção de cerveja

A indicação não se refere a um estilo particular, mas ao fato de que são fabricadas dentro de um mosteiro cisterciense. Embora as mais conhecidas sejam as de estilo dubbel, tripel e quadruppel, os monges poderiam muito bem produzir qualquer estilo de cerveja que, ainda assim, teria o selo de denominação de origem e continuaria sendo uma autêntica cerveja trapista.

Pintura retratando monge mestre cervejeiro.

Das abadias produtoras de cerveja trapista que existem atualmente, a Rochefort é a única que surgiu antes de 1836. A origem da fabricação de cerveja nos monastérios beneditinos pode vir de Monte Cassino, no sul da Itália, onde São Bento fundou seu primeiro monastério (no ano de 529).

Mas as informações são imprecisas e sabe-se que, neste período, apenas o vinho era consumido nas dependências de uma abadia. Há quem defenda que a produção de cerveja nos mosteiros tenha surgido com a expansão da ordem dos beneditinos para o norte da Europa.

Alguns manuscritos do século 7 feitos por São Columbano, na Irlanda, dão conta que nesta época, no mosteiro de Santo Galo (perto de Zurique), eram produzidos três tipos de cerveja: uma para os monges, outra para outros hóspedes e uma terceira para os peregrinos.

Monges europeus medievais, os autênticos mestres cervejeiros, já tiveram o monopólio da fabricação, distribuição e venda de cerveja. Confira abaixo três fatos históricos sobre a cerveja monástica: 

  • Cerveja já foi fabricada para apoiar mosteiros (e ainda é!) 

As abadias trapistas, que deveriam ser auto-suficientes e também garantir abrigo para os peregrinos, são consideradas formadoras dos mestres originais e especialistas em cervejas. Alguns mosteiros no norte da Europa começaram a fabricar cerveja para consumo próprio ainda no século 8. No entanto, no início do século 13, a cerveja já havia deixado de ser parte de uma refeição barata para monges e pessoas pobres, tornando-se uma arte e uma fonte lucrativa de renda.

  • A cerveja era uma alternativa mais barata e saudável à água e ao leite

Durante muito tempo, a cerveja fazia parte da dieta diária de crianças e adultos na Europa, assim como repolho, cebola e pão. Era barato e mais saudável que a água e o leite, que eram frequentemente contaminados e, portanto, vistos como meios potenciais para a transmissão de doenças infecciosas. Foi a única alternativa que os monges e as pessoas pobres tiveram por muito tempo, já que a produção de vinho era muito cara nos países do norte da Europa.

  • A cerveja já foi uma bebida indispensável nos orfanatos

Cervejas mais leves (com apenas 3% de teor alcoólico) foram produzidas por muito tempo para alimentar crianças em orfanatos monásticos. Eles recebiam uma caneca por dia, e eram feitas principalmente de aveia ou outros cereais pesados, a fim de alimentar as crianças adequadamente, mantendo os custos de alojamento e alimentação em um nível razoável. Além disso, a cerveja foi descoberta como cura para prevenir e tratar certas doenças infantis, como a tuberculose, por causa de suas leves propriedades antibióticas.

As 14 abadias produtoras de cerveja trapista

Algumas das cervejas trapistas!

Atualmente, 14 mosteiros estão autorizados a produzir cerveja trapista. São eles:

1 – Achel, na Bélgica (Achelse Kluis Brewery);

2 – La Trappe, na Holanda (Koningshoeven Abbey);

3 – Chimay, na Bélgica (Scourmont Abbey);

4 – Rochefort, na Bélgica (Our Lady of Saint-Remy Abbey);

5 – Westmalle, na Bélgica (Our Lady of the Sacred Heart Abbey);

6 – Westvleteren, na Bélgica (Sint-Sixtus Abbey);

7 – Zundert, na Holanda (Maria Toevlucht Abbey);

8 – Stift Engelszell, na Áustria (Stift Engelszell Abbey);

9 – Mont des Cats, na França (Mont des Cats Abbey);

10 – Spencer Trappist, nos EUA (Saint Joseph’s Abbey);

11 – Tre Fontane, na Itália (Tre Fontane Abbey);

12 – Cardeña, na Espanha (Monastery of St. Peter of Cardeña);

13 – Mount St. Bernard, na Inglaterra (Mount Saint Bernard Abbey);

14 – Orval, na Bélgica (Orval Abbey)

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Imagens de monges bebendo ou fazendo cerveja são reproduções das obras do pintor alemão Eduard von Grützner. Do site Artnet

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